Participação especial de uma mamã guerreira e que mostra como amor de mãe supera tudo...
Obrigada 💙 Andreia Catarina
" Não digo que fui uma filha exemplar, mas felizmente raras foram as preocupações que dei aos meus pais. Tive uma infância feliz e saudável, a melhor coisa que um pai pode desejar !
No entanto, aos treze anos, na idade perigosa em que o espelho se torna um amigo duvidoso, deixei de comer e comecei a praticar exercício diário para que o meu falso amigo espelho me dissesse que era bonita. O problema é que ele era exigente!!! Traidor!!! O tempo passava, o peso e volume diminuía e ele continuava insatisfeito!
Numa manhã em que saí de casa para passear com os meus pais, sem tomar o pequeno-almoço (óbvio), tive o meu primeiro desmaio de fraqueza... Foi assim que os meus pais descobriram que algo não estava bem. A partir dessa altura passei a dar ouvidos aos meus verdadeiros amigos, os meus pais, e deixei de dar confiança ao espelho. Até porque a minha mãe, passou a andar em cima e já não havia hipótese!
Mas a minha saúde ficou comprometida graças àquele episódio. Desde então ficou presente na minha memória que quando tomasse a decisão de ser mãe, se iria ter sucesso com facilidade...
Fruto do frenesim da nossa geração cheia de projectos e objectivos pessoais cada vez mais se adia a constituição de uma família. Não fui excepção ... casei ia fazer 29 anos . A família por mais próxima e amiga que seja, enviava sempre dissimuladamente, nem que fosse por sinais de fumo a ideia de que o relógio não parava e o tempo estava a passar... Por isso, assim que casei, fui bafejada por esses sinais enviados de todas as partes e direcções. E lá começei, embora receosa, a pensar na possibilidade de engravidar.
Sem stress, deixei a contracepção oral e pensei que daí a meio aninho, para me ir mentalizando e também para o corpo se libertar de todas as hormonas e toxinas, que iria experimentar engravidar.
Não houve meio ano. Aliás, não houve um mês se quer ! Tanta preocupação, tantos receios e PUMBA! Foi à primeira! Sei perfeitamente quando a Vi foi concebida, pois sonhei com ela nessa mesma noite ! Tinha tantas certezas de que estava grávida, que quando chegou a altura da menstruação estava ansiosa para que passasse os três dias para fazer o teste.
E sim, estava correcta! Mais correcta estava, quando na primeira ecografia me disseram que era menina. Tudo estava a bater certo com a visão que tinha tido no meu sonho. Os primeiros seis meses da gravidez foram super naturais! Sabia que estava grávida porque não tinha ciclo menstrual e porque a minha barriga estava a aumentar. Não tive um enjoo, um desejo, nada de diferente! NADA!
Então, como sou um piolho eléctrico que não pára, e como passei os primeiros seis meses de gravidez a andar de avião e a correr de um lado para o outro, por motivos profissionais, o facto da gravidez estar a ser fácil foi uma mais-valia!
Os problemas chegaram às 28 semanas. Na altura mais calma e pacífica do meu trabalho, em que as viagens e o stress tinham terminado, a tormenta começou! A Vi, queria vir à força conhecer o mundo! Estava tão habituada a uma rotina agitada, que ela deve ter odiado a calmaria!
Até às 36 semanas fui obrigada a ficar numa cama. Para não falar do tempo de internamento, dos banhos de gato, das injecções para a maturação dos pulmões da bebé que levei com receio de que ela nascesse prematura.
Logo em seguida, o episódio de broncopneumonia que tive, em que levava seis doses de antibióticos intravenosos diários. Um deles era de tal forma agressivo que me queimava a veia.
Foram doze cateteres ao todo que levei... Para além das injecções nas pernas que me davam por estar acamada tanto tempo. Quando finalmente superei um parto prematuro e a minha possível morte, mais parecia um regador toda crivadinha !
Ás 36 semanas, sem medo, fui dar a minha primeira caminhada! Ui! Como me soube bem sentir o sol de Fevereiro a bater-me no rost, dar uso às minhas pernas inchadas, passear o meu novo corpo grande e volumoso. O dia do parto chegou. Depois de tantas peripécias, tantas tentativas da Vi vir ao mundo, o momento chegou. E correu tudo direitinho!
Primeiro a saída do rolhão (ou lá como lhe chamam), depois o rompimento da bolsa de águas, depois as contracções ( que para mim pareceu ser apenas uma que nunca passou até me darem a maravilhosa epidural, Ámen à Epidural ! ) e depois de fazer um soninho ( sim, eu adormeci! Mais uma vez : Bem-haja Epidural !!!) fiz duas ou três vezes força e já tinha a minha pequenina ao meu peito de olhos abertos a olhar para mim !!!
As primeiras coisas que as enfermeiras disseram sobre ela foram : - Menina inteligente ! Agarrou logo a mama!, e - É a cara do pai ! A primeira encheu-me de orgulho a segunda deve ter inflamado o pai !
O primeiro mês foi o nosso mês de adaptação à nova, modesta e extremamente exigente profissão de pais. No final do segundo e terceiro mês, creio que terá sido o da adaptação da Vi a nós e ao mundo. Ela que era uma bebé que dormia tão bem, de um momento para o outro, decidiu só adormecer a partir das 4h da manhã e até a essa hora chorar com os pulmões bem abertos! O secador de cabelo foi o nosso melhor amigo, era a única coisa que a mantinha calma e que nos infernizava os ouvidos a um nível menos audível.
Leite foi algo que nunca faltou à Vi. Ela que nasceu magrinha e franzina em pouco tempo atingiu o peso normal e inclusive ultrapassou. O médico chegou a dizer que ela estava xoxuda e que tinha de ter cuidado com a alimentação ?!?!?! - Estou a amamentá-la apenas!, - Ah! Bom! Então boa! Continue com o bom trabalho!
Chegava a tirar um a dois biberões de leite por dia para congelar para além do que a Vi mamava. Aos seis meses, continuava na mesma rotina de ordenha... O meu congelador mais parecia uma vasilha de leite. Tinha de dormir com toalhas entre o peito e o soutien, porque os discos promocionais nocturnos, não passam disso mesmo, promocionais, não enxugavam tanto leite. As vezes que me vi agarrada a uma Phillips Avent foram inúmeras... Uma grande amiga e aliviadora.
E lá voltou um novo percalço - peito encaroçado. - Ah! E tal! Tem de continuar a dar de mamar, indepentemente das dores. Dores?!?! Pareciam agulhas a sair ou entrar no meu mamilo. O sentido não importa, mas que eram dores agonizantes, lá isso eram. Tornaram-se em mastites. E na segunda mastite que tive, em que um diagnóstico ficou a dúvida de possibilidade de quistos que não seriam visíveis numa mamografia enquanto tivesse leite, foi-me aconselhado a secar. Se o peito encaroçado dói, o processo de secar o leite ... Bem digamos que sobrevivi! Lol! Foi horrível! Três dias penosos! Dolorosos! Angustiantes! Para além do peso na consciência de que estamos a contribuir para retirar algo que para a nossa cria era importantíssimo.
A Vi foi uma clara ajuda no processo de secagem, não chorava quando tinha fome e me via para pedir peito, adaptou-se ao biberão com facilidade e comeu papa pela primeira vez na boa !
Parecia que compreendia o que se estava a passar com a mãe e que a mama tinha acabado. Como nem tudo é mau, após uma semana da toma do primeiro comprimido da secagem do leite, fomos os três a uma marisqueira. Aaaaaahhhhhh!!! Como soube bem !!! Quinze meses a fazer imensas restrições alimentares, e de repente LIBERDADE!!! Melhor mariscada de sempre que me ficará na memória por muitos anos!!!
E a melhor recompensa de todas , foi que a Vi se portou super bem no nosso primeiro jantar a três fora.
A ida da Vi para a creche foi a etapa mais complicada. Desde então, uma bebé que nunca tinha tido uma febre, uma constipação, nada, anda sempre com pingo no nariz e com otites constantes.
Os primeiros três meses no " infactário " foram complicados e comprometeram bastante a minha situação com a entidade patronal... Não foi fácil... Ausências constantes, o sentimento de falha como profissional e o desespero de mãe por ver a sua cria enferma.
Independetemente de todas as superações, ver a Vi rebolar aos cinco meses, aos seis sentar e já com dois dentes, aos sete gatinhar, e dizer Mama e Papa, aos oito levantar-se, aos nove andar agarrada, aos dozes dar os primeiros passos sozinha e comer com a colher, são razões para acordar todos os dias com um sorriso no rosto à espera de ver qual será a novidade que esse dia nos reserva!
Foste tu o sonho bonito que eu sonhei, foste tu eu lembro tão bem Tu estavas nessa visão, e assim senti que o meu amor nasceu então, e aqui estás Tu, eu vejo-te a Ti, a mesma visão, a aquela do sonho, que eu sonhei... "
💗
Lindo texto, lindas vivências! A maternidade é, realmente, algo mágico! Beijinho à mãe e à Vi 😊
ResponderEliminarÉ mesmo Sara Patrão! Fico muito feliz por poder partilhar estes testemunhos tão cheios de amor, que só uma mãe sente e vive.
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