O parto
Não foi o parto com que eu sonhei e idealizei... foi tudo inesperado e de urgência com muito nervosismo em saber se o bébé estava bem.
No dia anterior à consulta com a minha médica de família, eu e o meu marido fomos visitar um casal de amigos, os homens ficaram em casa e as mulheres foram ao shopping, andei bastante 😊 mas sentia-me bem.
No dia seguinte tive a consulta com a minha médica de família, com quem fui seguida toda a minha gravidez, apenas com 36 semanas é que fui chamada a uma consulta com uma médica obstetra ao hospital. Que me marcou nova consulta para quando tivesse 38 semanas.
Mas já não cheguei a ir. Como escrevi na publicação sobre o nascimento do meu filho, na consulta que tive eu estava com as tensões altas (pré-eclâmpsia) e fui reencaminhada para o hospital de urgência.
Era no hospital apelidada como a menina das "tensões altas". Fui internada no hospital numa segunda-feira eram 16h da tarde, a médica que me atendeu nas urgências pediu urgência para me provocarem o parto.
No entanto, marcava meia noite no relógio quando a mesma doutora que me atendeu nas urgências veio-me ver antes de sair do seu turno, e para espanto dela e também um pouco irritada tomou conhecimento que ainda não me tinham provocado o parto.
A entrar no segundo dia de internamento de manhã bem cedo fui observada por outra equipa médica e como tinha pouca dilatação introduziram-me para além do soro que já estava a receber outro liquido que continha um medicamento que iria ajudar segundo a enfermeira a acelarar a dilatação... Pois bem, deitada na cama desde que fiquei internada, sem sequer poder ir à casa de banho... com ligas na minha barriga para ouvir os batimentos cardiacos do meu bébé e ligada a uma máquina em que media a tensão arterial e com o soro e o tal medicamento a entrar nas minhas veias. Permaneci assim até ter visita do meu marido, a única pessoa que me podia visitar.
No quarto onde eu estava tinha uma outra mãe na cama ao lado da minha, que esperava também um menino. Como gosto de falar 😄 meti logo conversa com ela e quando saímos as duas do hospital voltamos a falar e mantemos ainda contacto. As nossas conversas são sobre os nossos meninos e como o menino dela nasceu um dia antes do meu, lembramo-nos sempre quando fazem mais um mês ou quando fazem mais um ano.
Depois do almoço o meu marido veio visitar-me e depois não voltou a sair, comunicaram-nos que eu ia para a sala de parto... na verdade fui eram 20h da noite mas a dilatação mantinha-se insuficiente, as tensões elevadas e ficaram ainda mais, com o tempo de ansiedade e espera. As contrações começaram a surgir, no início não eram dolorosas, mas quando marcava no relógio 22h a intensidade da dor era muito maior... perguntaram-me se eu queria epidural, pensava eu que ia atenuar a dor e aceitei... no entanto, as dores mantiveram-se muito intensas, tentava atenuá-las com a respiração que aprendemos nas aulas de preparação para o parto, e com massagens nas minhas costas, esfregando as minhas mãos de cima para baixo... mas eram dores muito prolongadas e agudas. Perguntei à enfermeira se era normal sentir as contrações com tanta intensidade após a toma da epidural ? Ela disse-me que sim, que não tira a dor, apenas atenuava... só que a dor que eu sentia era igual à que eu sentia antes da epidural... ?!
Às 23h entra uma nova equipa de médicos e enfermeiros e quando me vão observar, a minha dilatação não tinha evoluido nada... estava igual, insuficiente para fazer parto normal. As contrações mantinham-se. Como por alguns segundos deixei de ouvir o coração do meu bébé, e também porque as minhas tensões aumentaram (marcava 19 )... a médica que tinha acabado de entrar no seu turno decidiu que tinham de fazer-me uma cesariana, pois se continuassem à espera estavam a colocar a minha vida e do bébé em perigo . Eu só queria saber do meu bébé, se ele estava bem. Quando voltei a ouvir o seu coraçãozinho suspirei de alívio.
Despedi-me do meu marido... ele já não pôde assistir ao parto... e quando fui para o bloco operatório, antes ainda tive que mudar de cama, foi um episódio engraçado no meio de tanta aflição e nervosismo, pois as enfermeiras estavam a tentar pegar em mim ao colo e a passar-me para a outra cama... mas como vi que não me estavam a segurar bem e uma queda naquela altura não iria ajudar em nada, eu pedi às enfermeiras que juntassem a cama onde eu estava deitada à outra cama que eu com ajuda delas passava para lá 😂 e assim foi.
Quando entrei na sala de operações parecia que eu estava a entrar numa arca frigorifica, gelei e comecei a tremer mesmo muito.
E mantinha a respiração que tinha aprendido para atenuar as dores das contrações.
A médica que decidiu fazer a cesariana estava lá, na verdade, foi ela que me fez a cesariana, ela antes de começar piscou-me o olho 😉. Talvez para me tranquilizar.
Quando começaram a tocar em mim, eu comecei a mexer-me, eles acharam estranho e uma das enfermeiras veio perguntar se eu estava a sentir, eu disse que sim, que senti o algodão embebido num liquido a passar na minha barriga, que senti a tocarem na minha pele... ela perguntou-me, mas não tem epidural ? E eu disse que sim, então deram-me mais uma dose de epidural... mas sem efeito eu continuava a sentir tudo... foi quando descobriram e eu também que a epidural tinha-me sido mal administrada... foi quando eu entendi o porquê de eu estar a sentir as contrações com tanta intensidade e estar a sentir tudo sempre que me tocavam.
Sei que naquele momento fiquei muito triste 😢 porque tiveram de optar por anestesia geral, não pude assistir ao nascimento do meu filho, a enfermeira colocou-me uma máscara no nariz e boca e pediu para eu respirar e assim foi, não me lembro de mais nada.
Quando acordei, olhei para um teto com várias luzes e tentei mexer-me mas doía-me... foi quando voltei a mim, ah! Ok! estou no hospital, o meu bébé?
Olhei para o lado e vi uma outra mamã deitada. Falei com ela, e por coincidência ela também teve por cesariana um menino com o mesmo nome do meu 💙 mas no caso dela o bébé estava numa posição que não podia ser de parto normal.
Aquela mamã que estava comigo no quarto antes do parto, também teve por cesariana o seu menino, e também pelo mesmo motivo desta mamã. Após o nascimento dos nossos meninos nós as duas voltamo-nos a encontrar ainda dentro do hospital. Nessa noite (terceiro dia de internamento) que nasceu o meu menino houve pelo menos 4 cesarianas pois surgiram casos urgentes e que não havia outro meio e escolha.
A enfermeira aproximou-se de mim quando viu que eu tinha acordado e eu perguntei logo pelo meu bébé, ele está bem? E ela disse que sim, que o pai estava a conhecê-lo e disse-me o peso dele. Sei que sorri para a enfermeira e escorreu uma lágrima de alegria e de emoção...
Quando fui para o quarto quase logo ele chegou no berço e colocaram-mo ao lado da minha cama. Eu não me podia mexer... mas quando o vi, e toquei nas suas mãozinhas voltei a emocionar-me e apaixonei-me por aquele menino, que era o meu príncipe, nem acreditava que ele estava ali junto de mim.💙💙 Agora já nos podiamos ver, tocar, trocar olhares...
Ele começou a chorar e a enfermeira entrou no quarto e colocou-o no meu peito... tão bom! tão maravilhoso! poder senti-lo... ele acalmou e adormeceu.
Lembro-me que de manhã após a cesariana fiz uma coisa que não devia ter feito... estava com vontade de ir à casa de banho, toquei mas ninguém apareceu, esperei... mas a vontade era tanta que aos poucos e muito devagar consegui levantar-me da cama, a primeira etapa estava feita mesmo sentindo uma dor tão grande, porque na verdade eu tinha pontos muito recentes... depois na segunda etapa teria de me me por em pé e andar até à casa de banho, e assim foi, consegui!
Quando a enfermeira chegou e viu-me sentada na cama, disse-me: - o quê ! já de pé !, e eu para ela: - eu sei que não devia, pois não? e ela: - não! mas sente-se bem ?
Na verdade, foi muito dificil levantar-me e ir até à casa de banho, mas fiz no meu ritmo e consegui. Depois fiquei preocupada que me tivesse prejudicado e que por dentro algum ponto tivesse aberto... Mas felizmente nada disso aconteceu.
Fiquei após o parto com uma grande anemia, devido à perda de sangue. Os meus pés e pernas estavam super inchados... a minha cara também. Questionei a médica porque estava assim, ela apenas me disse que era normal. E eu pensei : normal !?!?! E depois disse-me que com o tempo passava e que ia voltar ao normal, que normalmente durava no máximo um mês. Felizmente, quando regressei a casa comecei a desinchar e quando fez um mês, já estava com o peso que tinha antes da gravidez.
O meu bébé era muito calminho mas na véspera de termos alta do hospital, foi uma noite para esquecer... chorou muito, tinha cólicas e para além disso não fazia cocó com a regularidade que um bébé deve fazer, ele ficava a pedido da pediatra até três dias no máximo sem fazer, depois como não fazia por ele eu tinha de colocar um babygel para aliviá-lo.
Foram meses e noites sem saber o que era dormir... tinha o meu coração de mãe pequenino ao vê-lo sofrer... tive a preciosa ajuda do meu pai, que me auxiliava durante a noite.
Entre as muitas chamadas para a pediatra, massagens, gotas e chás que ajudavam na digestão e a libertar os gases/os flatos, por último quando mudamos de leite começou a ficar melhor.
E aos três meses melhorou imenso. Graças a Deus ! Porque foi uma fase muito dificil vê-lo a sofrer e não poder fazer mais nada do que faziamos.
A minha recuperação foi rápida. Os primeiros dias de vir do hospital precisava de ajuda para me deitar e levantar-me da cama, mas depois com o passar dos dias comecei a sentir-me melhor.
A amamentação, foi outra etapa, não tinha leite... ainda no hospital comecei a estimular os meus seios com uma bomba de tirar leite... depois como o meu bébé habituou-se logo ao biberão, que era mais fácil e prático, ele não tinha de fazer tanto esforço como na mama... ele preferia o biberão.
Em casa mantive a estimulação e colocava o meu bébé ao peito.
Houve um dia que tive como chamam a "descida do leite", e senti-a os meus peitos muito quentes, e estava também eu com calores. Quando eu tocava nos peitos doía-me, a conselho de familiares, coloquei paninhos embebidos em água morna e fazia massagens circulares, e também com o chuveiro com a pressão da água, depois estimulava com a bomba de retirar o leite. E assim o leite começou a sair, que alívio!... o meu bébé mamava e depois eu retirava algum leite para um biberão, para ele beber pelo biberão, pois o malandreco não gostava muito de fazer esforço.
Com muita tristeza minha dei mama só até aos três meses, e depois deixei de ter leite.
Mas durante esses meses que amamentei tive sempre que dar o suplemento, pois nunca tive muito leite. Na altura, senti-me muito triste por não poder continuar a dar o leite materno, que faz tão bem ao desenvolvimento do bébé.
No entanto, sempre que iamos às consultas eu ficava mais descansada quando a médica e enfermeira diziam que estava tudo bem. Ainda agora é assim.
Estou a escrever este texto do que vivi, senti, do que vivemos juntos e parece que foi há muito tempo atrás... mas não o foi, foram momentos que não foram fáceis, mas que ficarão guardados dentro de mim e sei que tudo valeu a pena, quando o vejo a sorrir para mim, quando lhe peço um beijinho e ele dá-me, quando lhe peço um abraço, quando brincamos os dois, quando cantámos os dois, quando estamos os dois juntos 💙💙
Aprendo com ele desde o primeiro dia que o vi, o que é ser mãe. Na verdade, é um amor único, uma cumplicidade, uma ternura que são difíceis de escrever por palavras é como um cordão umbilical que nunca se desprendeu entre nós os dois.
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